Quando prender um homem pode libertar um movimento

Quando prender um homem pode libertar um movimento

Nos últimos dias, o Brasil inteiro assistiu a mais um capítulo do embate entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e as instituições do país. Mandados de busca e apreensão, uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa à noite, suspensão das redes sociais e um cerco jurídico que o isola politicamente… ou será que não?

O que parecia ser uma jogada final para impedir sua candidatura em 2026 pode estar prestes a produzir o efeito inverso.

A prisão (ou o sufocamento político) de Bolsonaro tem sido vendida como a vitória da democracia, mas nas ruas, nas redes, nos bastidores da política, cresce um outro sentimento: o da injustiça convertida em combustível popular. E isso, historicamente, nunca termina em silêncio.

Quando se tenta calar um homem que tem milhões de seguidores, o eco pode se tornar ainda mais ensurdecedor. É exatamente o que parece estar acontecendo.

A imagem de Bolsonaro algemado, de cabeça baixa ou com tornozeleira não será esquecida facilmente. Mas ela também pode não gerar o que se espera. A tentativa de “enterrar” seu nome pode ressuscitar outro nome, com mais força, mais juventude, e — principalmente — abençoado por ele.

Porque Bolsonaro, goste-se ou não, ainda é um símbolo vivo de uma parte considerável do Brasil que se sente ignorada, subestimada ou silenciada. E símbolos, quando atacados, não morrem. Se multiplicam.

Se ele não for candidato, que não se duvide: ele apoiará alguém.
E esse alguém virá blindado por um sentimento poderoso: a revolta de quem acredita estar vendo um homem ser injustiçado por desafiar o sistema.

A história tem mostrado que, muitas vezes, não é o líder que precisa estar no palanque — basta que ele aponte o dedo.
E nesse caso, 2026 pode ser o ano não da derrota de Bolsonaro, mas da vitória de alguém que carrega seu legado com ainda mais apetite e menos processos.

A pergunta agora não é se Bolsonaro será preso.

A pergunta é:
Quantos votos nascerão no momento em que ele for?