Mari: uma história para além do tempo.
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Mari: Uma História Para Além do Tempo – Raízes até 1938
A história da cidade de Mari, localizada no estado da Paraíba, remonta muito antes de sua oficialização como vila, revelando uma trajetória ica de encontros culturais, fé e desenvolvimento gradual que atravessou décadas. Antes de qualquer traço urbano ou religioso, Mari já pulsava com vida ancestral e raízes indígenas profundas.
Origens indígenas e primeiros habitantes
Por volta do ano de 1855, já se registrava a presença de nativos na região, sendo inicialmente índios potiguaras, que ocupavam vastas áreas litorâneas e do interior da Paraíba. Com o tempo, a região passou a ser ocupada por índios tabajaras, outro grupo importante na configuração cultural da terra que viria a se tornar Mari.
Na década seguinte, por volta de 1860, já se encontravam os primeiros moradores permanentes na região. Um dos nomes mais antigos e lembrados é o de Manoel Francisco do Nascimento, residente na localidade conhecida como Baixinha de Cima. Este patriarca é lembrado também como pai Neco Gelba, figura que não pode jamais ser esquecida pela novas gerações.
O progresso sobre trilhos
O avanço chegou aos poucos, mas trouxe consigo um marco significativo. Em 1880, por decreto imperial, iniciou-se a construção da Linha Férrea, obra estratégica que ligava a capital paraibana à cidade de Mulungu. Sua inauguração oficial aconteceu em 7 de setembro de 1883, simbolizando um novo tempo de comunicação e mobilidade. Nesta mesma data, o senhor José de Luna Freire foi nomeado como o primeiro chefe da estação, cargo de importância na logística e organização do transporte ferroviário.
Araçá: berço da fé e identidade
Já no início do século XX, em 1901, o que hoje é conhecido como o povoado de Araçá já era reconhecido como vila, com uma vida social e religiosa em formação. O local contava com um templo católico dedicado ao Menino Jesus, sendo este o primeiro da região. O responsável por ministrar a assistência religiosa à comunidade era o Padre Antônio Pereira de Castro, que fortaleceu a espiritualidade e união entre os moradores.
A força da devoção e a transformação do padroeiro
A espiritualidade cristã desempenhou papel fundamental na história local. Em 1921, surge o grupo de apostolado da Oração, com forte devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Esse movimento de fé popular exerceu significativa influência sobre a comunidade, chegando a provocar a mudança do padroeiro para o próprio Sagrado Coração de Jesus, numa clara demonstração da força da religiosidade e do envolvimento coletivo.
Já em 1937, o antigo templo foi ampliado para oito metros de comprimento, marcando uma nova fase. Nesta época, também se definiu um novo padroeiro: a Sagrada Família, símbolo de unidade e fé comunitária.
A elevação a vila e o nascimento das ruas
Um marco definitivo ocorreu em 2 de março de 1938, quando o até então povoado foi oficialmente elevado à categoria de vila, por meio de decreto. Com isso, começaram a se organizar as primeiras ruas, surgindo o embrião do que viria a ser a cidade de Mari, já com certa estrutura e vocação para o crescimento.
Primeira escola e valorização da educação
O amor pelo saber também se consolidava. Em 1943, embora ultrapasse levemente o marco de 1938, vale mencionar a inauguração do primeiro grupo escolar da vila, um verdadeiro símbolo de progresso. A cerimônia contou com a presença do então governador Rui Carneiro, e a escola foi batizada com o nome de Grupo Escolar Augusto dos Anjos, em homenagem ao grande poeta paraibano. Na ocasião, foi nomeada como primeira professora, a senhora Maria do Carmo de Luna Freire, descendente direta de uma das famílias pioneiras.
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Conclusão
A história de Mari até 1938 é mais do que uma simples linha do tempo. É uma jornada marcada pela presença indígena, pelo esforço de homens e mulheres simples, pela fé que uniu e construiu a identidade local, e por passos firmes em direção ao desenvolvimento. De trilhos a capelas, de rezas a salas de aula, Mari caminhou "para além do tempo", firmando-se como solo fértil de memórias e esperanças.
Redação
Jornal Mariense Sim Senhor
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