UMA SÓ VOZ: MANIFESTAÇÃO DE MULHERES EM MARI, ECOA PELO BRASIL, CHEGA DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES.
Mari se mobiliza contra a violência política de gênero: emoção, coragem e indignação em ato histórico
Na tarde de 31 de outubro, a cidade de Mari, na Paraíba, foi palco de uma manifestação histórica em defesa das mulheres e contra a violência política de gênero. O ato, organizado por lideranças femininas e representantes de diversos segmentos sociais, reuniu dezenas de pessoas em um grito de resistência e denúncia contra o avanço das agressões, das calúnias e das tentativas de silenciamento dirigidas às mulheres que ocupam espaços públicos.
O evento, que percorreu as principais vias da cidade, foi marcado por fortes momentos de emoção e reflexão. A cada parada, relatos pessoais sobre dor, superação e coragem levaram o público às lágrimas. Não eram histórias distantes, mas vidas reais de mulheres de Mari e da Paraíba, que enfrentam diariamente o peso da violência física, psicológica, moral e política.
A revolta era visível. Entre cartazes, falas firmes e gestos de solidariedade, ficou evidente que a violência política de gênero deixou de ser invisível: ela está presente nas redes sociais, nas campanhas e nos bastidores da política local, assumindo novas formas de ataque, agora mascaradas de opinião ou de “crítica pública”.
Durante o ato, foram lembradas as garantias legais que protegem as mulheres no Brasil, como a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) e a Lei nº 14.192/2021, que estabelece mecanismos de prevenção e combate à violência política de gênero. As falas reforçaram que, mesmo com o amparo legal, a prática da violência permanece constante, sustentada por discursos de ódio e pela naturalização do ataque à mulher que ocupa cargos de liderança.
Nos bastidores, houve relatos de tentativas de desmobilização e boicote ao ato, movidas por interesses puramente políticos. Ainda assim, a força popular prevaleceu — e a manifestação seguiu em clima de coragem e união.
A mobilização também contou com apoio estadual. A primeira-dama da Paraíba, Ana Maria Lins, esposa do vice-governador Lucas Ribeiro, enviou um vídeo de solidariedade às mulheres marienses e em defesa do enfrentamento à violência política. Outras lideranças femininas de diversas regiões do Estado também mandaram mensagens públicas e privadas de apoio à prefeita Lucinha da Saúde, reconhecendo sua postura firme e corajosa diante dos ataques pessoais e institucionais que tem enfrentado.
Enquanto mulheres marchavam nas ruas de Mari, sites locais e perfis digitais tentaram distorcer o significado da mobilização, insinuando que o ato seria uma “estratégia de blindagem” da gestão municipal.
Contudo, o mesmo portal que lançou essa narrativa manteve silêncio total diante das declarações ofensivas e criminosas feitas em live por um ex-prefeito, o que configura violência política de gênero, conforme prevê a legislação.
Essa diferença de postura evidencia uma ferida social ainda aberta: a cultura da conivência com a violência quando a vítima é uma mulher em posição de poder.
> “Não se trata de defesa de gestão, mas de defesa da dignidade humana”, declarou uma das participantes.
“Quem tenta calar uma mulher, tenta calar uma sociedade inteira.”
O ato encerrou-se com um forte sentimento de união e propósito. Mulheres de diferentes idades, origens e profissões reafirmaram o desejo de realizar novos encontros e mobilizações, desta vez voltados à formação, à reflexão e ao estudo sobre a temática da violência de gênero.
Elas defenderam que a cidade precisa continuar o debate, especialmente porque a maioria da população mariense é feminina, e ainda há diversos casos de violência doméstica e moral registrados no município.
O compromisso firmado ali é o de fortalecer a coragem das mulheres para denunciar os agressores, exigir o cumprimento das leis e fazer de Mari uma cidade onde o respeito e a igualdade não sejam apenas discursos, mas práticas cotidianas.
Mari viveu um ato que foi mais do que uma manifestação: foi um chamado à consciência coletiva — e um recado claro a quem insiste em desrespeitar o direito das mulheres de existir, falar e governar.
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